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Nota de Pesar
Data de Publicação: 29 de novembro de 2025
O Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ) vem a público manifestar seu profundo pesar e indignação pelo assassinato de duas mulheres ocorrido nesta sexta-feira (28/11), nas dependências do CEFET/RJ.
Na ocasião, foram mortas a coordenadora pedagógica da unidade, Allane de Souza Pedrotti Mattos, e a Psicóloga Educacional Layse Costa Pinheiro (CRP 05/45255).
Neste momento de extrema dor, estendemos nossa solidariedade aos familiares, amigos e a toda a comunidade escolar, profundamente mobilizada por essa tragédia. Reconhecemos que esse ato brutal não se encerra nas perdas irreparáveis dessas duas vidas, pois gera efeitos psicossociais individuais e coletivos em toda comunidade envolvida.
No livro "Violência e Preconceitos na Escola: Contribuições da Psicologia", publicado pelo Conselho Federal de Psicologia em 2018, discute-se como a violência no ambiente escolar institui uma cultura do medo que paralisa, adoece e rompe os laços de confiança necessários para o processo educativo e para a convivência democrática na nossa sociedade. Precisamos romper esse ciclo, com ações intersetoriais, que articulem as instituições escolares, os governos e toda a sociedade, no campo da prevenção.
É imperativo, ainda, olhar para a saúde mental de toda a comunidade escolar, inclusive de trabalhadoras e trabalhadores da educação. O ambiente escolar não pode se tornar cenário de tensões e violências. A exposição contínua a riscos e a insegurança no local de trabalho e estudo podem mobilizar sofrimentos, exigindo que o cuidado integral com a saúde mental seja tratado como prioridade nas políticas públicas, garantindo condições dignas e seguras para o exercício profissional e formação escolar.
As investigações posteriores indicarão mais elementos sobre motivação do crime de forma elaborada, mas esse crime apresenta um marcador importante: as relações de gênero no nosso país, que produzem cotidianamente violências específicas contra mulheres e meninas. Enfrentar essa realidade é também uma urgência, à qual nos colocamos totalmente à disposição, considerando as contribuições da Psicologia Brasileira no enfrentamento a toda forma de violência contra as mulheres - sobretudo no contexto de seu exercício profissional.
Tais violências convocam a presença de equipes multiprofissionais capazes de trabalhar a prevenção, a mediação de conflitos e o acolhimento em contextos de emergências. Assim, reafirmamos a urgência da implementação integral da Lei 13.935/2019, ferramenta capaz de contribuir nas dinâmicas escolares pela implementação de equipes destinadas contribuir com a construção de espaços escolares saudáveis, acolhedores e inclusivos, conforme orienta a Nota Técnica 8/2023 do CFP. O CRP-RJ, comprometido com a questão, acompanhará desdobramentos por meio de diálogo com a instituição e sociedade.
Que a memória de Allane e Layse nos mobilizem. O CRP-RJ segue firme na defesa de uma sociedade onde as mulheres possam viver, estudar e exercer sua profissão livres do medo e da violência.
